Marcha das Vadias: não é só mulher sem roupa

quarta-feira, 22 de maio de 2013


A pessoa que insiste em achar que a Marcha das Vadias perde seu valor por causa do nome ou das mulheres que vão semi-nuas ou com roupas curtas e outras variações, obviamente nunca leu nada sobre a Marcha fora da grande mídia. Já expliquei para muitas pessoas, individualmente, o que é a Marcha das Vadias: familiares, colegas, amigos e amigas. Talvez aqui, no Santa Tereza Tem, eu consiga atingir mais pessoas e realmente mostrar o que é a Marcha e seu propósito.

Primeiro, a origem. A Marcha das Vadias começou quando um policial canadense sugeriu que, para ficarem seguras, as mulheres deveriam evitar se vestirem como vadias. A fala do policial mostra como o assédio sexual e o estupro têm sido vistos como culpa das vítimas e não dos agressores. (Mas vai se vestir com uma burka e vê se reação melhora?). Para asautoridades públicas a mulher quis ser estuprada, claro. Por que se vestiria dessa forma, tão “tentadora”? Da mesma forma, os homens são vistos como seres incapazes de pensamento lógico e racional e de conseguir distinguir certo de errado. É essa a mensagem que tem sido passada há anos.

Por isso é que, durante a Marcha das Vadias, muitas mulheres se vestem (ou não se vestem) como vadias. E muitos homens se vestem de mulheres. O objetivo é mostrar que uma mulher pode andar de biquíni se quiser sem dar o direito a ninguém de atacá-la.

A Marcha das Vadias é um dia de união, é um dia em que mulheres e homens se juntam para mostrar que existe uma questão básica perante o ser humano: o direito de não temer pela sua vida. O direito de não sofrer assédios e ameaças ou ser diminuída por causa da maneira de vestir. O direito de escolha livre sobre sua aparência sem ser julgada. O direito dos homens de serem tratados como seres racionais e não como pobres-coitados que não têm controle sobre suas ações. É um dia para as mulheres mostrarem suas demandas para a sociedade.

A Marcha das Vadias é um dia em que mulheres e homens retomam controle sobre seus corpos, suas ações e explicam para o poder público e a sociedade civil que vítima é vítima e agressor é agressor.
Escrito por Larissa Peixoto
Publicado em 22/5/2013 em http://santaterezatem.com.br/
 

0 comentários:

Postar um comentário

 
Mulheres em Luta MG © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions